quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

396 de Belém: “BELÉM, nortista gostosa eu te quero bem"

Bembelelém!
Viva Belém!

Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial
Beleza eterna da paisagem

Bembelelém!
Viva Belém!

Cidade pomar
(Obrigou a polícia a classificar um adjetivo novo de delinqüente:
O apedrejador de mangueiras)

Bembelelém!
Viva Belém!

Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:
Estrada de São Gerônimo
Estrada de Nazaré

Onde a banal Avenida Marechal Deodoro da Fonseca de todas
[as cidades do Brasl
Se chama liricamente
Brasileiramente
Estrada do Generalíssimo Deodoro

Bembelelém!
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.

Terra da castanha
Terra da borracha
Terra de biribá bacuri sapoti
Terra de fala cheia de nome indígena
Que a gente não sabe se é de fruta pé de pau ou ave
[de plumagem bonita.

Nortista gostosa
Eu te quero bem.

ME obrigarás a novas saudades
Nunca mais me esquecerei do teu Largo da Sé
Com a fé macinça das duas maravilhosas igrejas barrocas
E o renque ajoelhado de sobradinhos coloniais tão
[bonitinhos
Nunca mais me esquecerei
Das velas encarnadas
Verdes
Azuis
Da doca de Ver-o-Peso
Nunca mais

E foi pra me consolar mais tarde
Que inventei esta cantiga:

Bembelelém!
Viva Belém!
Nortista gostosa
Eu te quero bem.
Belém, 1928
(Manuel Bandeira)

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