sábado, 31 de janeiro de 2015

CPI reconhece grupos de extermínio e milícias no Pará

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembleia Legislativa do Pará, forneceu o primeiro reconhecimento institucional da atuação de grupos de extermínio e de milícias no estado. Na manhã desta sexta-feira, 30, o relatório da investigação foi apresentado à sociedade, no auditório João Batista, da Alepa.
Augusto Pantoja, o presidente da CPI, informou que a mesma ouviu 70 pessoas e analisou vários inquéritos. “O que ocorreu reflete uma realidade nacional, que torna todos reféns do crime e da violência. Não podemos deixar que a juventude seja interrompida e ceifada por grupos de extermínio ou milícias”, frisou.
Em 44 dias de investigação, a CPI confirmou a existência de três grupos de extermínio na Região Metropolitana com a participação de policiais. A CPI não identificou quem efetuou os disparos em quatro de novembro, mas o relatório aponta alguns participantes de grupos de extermínio e pede o indiciamento deles. O primeiro é o Sargento Rossicley Silva, que, poucas horas antes da chacina que vitimou 10 pessoas nas periferias de Belém, conclamou os militares, via facebook, a darem uma “resposta” ao assassinato do Cabo Antônio Marcos Figueiredo, o “Pet”, que comandava uma milícia no bairro do Guamá. Também foi pedido o indiciamento do militar Otacílio José Gonçalves Queiroz, o “Cilinho”; Josias Siqueira da Conceição, ex-cabo do Exército; Valmir ou Valdemir Oliveira, o cabo Oliveira também conhecido como “Canana”; Romero Guedes Lima, o cabo Lima da PM, conhecido como “Montanha”; e os cidadãos conhecidos como “Gaspar” ou “Gasparzinho”, “Zé da Moto” e ” Marcelo da Sucata”
Recomendações - O relatório da CPI traz uma série de recomendações ao poder público, tais como a implementação de uma política de ocupação dos territórios dominados pelas milícias, em parceria com a União e as forças armadas; a valorização dos policiais, inclusive por meio de política habitacional e criação de lei que defina os critérios de promoção por merecimento e antiguidade; autonomia financeira dos programas de proteção a vítimas de ameaça e também da Ouvidoria de Segurança; autonomia da Corregedoria da PM e incremento da autonomia da Corregedoria da Polícia Civil; a estruturação da Promotoria de Justiça Militar; e a definição de critérios junto ao Executivo para a divulgação de informações à imprensa a fim de evitar a “espetacularização” das notícias de violência.
Autoridades - O relatório foi apresentado pelo relator da CPI, deputado Carlos Bordalo (PT), na presença de autoridades de estado, como o secretário de Segurança Pública, general Jeannot Jansen; o promotor se Justiça Militar, Armando Brasil; e a Ouvidora de Segurança Pública, Eliana Fonseca; além de representantes de movimentos sociais, como o Centro de Defesa do Adolescente (Cedeca) da República de Emaús, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (Sddh) e da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase).
Ainda, compareceram os demais membros titulares da CPI: Edmilson Rodrigues, autor da comissão,Tetê Santos (PSDB); e Chicão (PMDB).
Confira na íntegra o relatório final aqui

Nenhum comentário:

Postar um comentário