quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Pará poderá sofrer apagão, alerta governo

O nível crítico de abastecimento de água apontado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) poderá prejudicar o fornecimento de energia no Estado do Pará, mesmo com a região abrigando a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, de acordo com o governo do Estado. Segundo o secretário extraordinário do Estado para Assuntos de Energia, Nicias Lopes, a Usina de Tucuruí não tem como evitar crises energéticas no Pará. 'Tucuruí faz parte do sistema interligado nacional, ela pode ficar no Pará, mas o Pará é atendido integralmente pelo sistema interligado. Se falta energia no sistema, o Pará também irá sofrer com o racionamento', explicou o secretário. As regiões Sudeste e Nordeste já começaram a enfrentar dificuldades em seus reservatórios, de acordo com o relatório da ONS. O nível de água encontrado nas hidrelétricas está bem abaixo do patamar de segurança que fora estabelecido pelo governo federal para evitar racionamentos.
 No Sudeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do País, os reservatórios chegaram a apresentar 28% da capacidade, percentual que é igual a 72% da medida histórica de janeiro. No Nordeste, os reservatórios estão com 30,6% da capacidade, o que significa apenas 31% da média histórica. 'Agora a solução é fazer o ritual da chuva', disse o secretário. Lopes acredita que o governo Lula errou ao não priorizar a construção de usinas e agora o País poderá pagar um alto custo por isso. 'As termoelétricas que estão em funcionamento foram instaladas na época de Fernando Henrique Cardoso, contra aquele problema de racionamento que houve em 2001', explicou. 'Durante oito anos de governo Lula não se construiu uma usina nova no Brasil. Só no final do governo dele que ele começou a construir Santo Antônio e Jirau, que só ficarão prontas em dois anos'.
 O chefe da pasta no Estado não descarta, entretanto, uma possibilidade de se evitar um racionamento, mas crê na possibilidade de eventuais apagões no Estado do Pará e em outras regiões do Brasil. 'Com as 708 termoelétricas instaladas, se não chover, elas vão ter que começar a funcionar direto, 24h. E junto com essas que já existem, Tucuruí vai conseguir produzir seus 8.470 megas com certeza, porque já começou a chover no norte. Então, tem como evitar o racionamento, mas haverá apagões por aqui e por ali', explicou.
 Crise - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, reafirmou, ontem, após a reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que não há nenhuma possibilidade de um novo racionamento, 'o País tem um estoque firme' de energia para manter o consumo durante um bom período de 2013. 'Ficou a tranquilidade reiterada de que o País possui o estoque de energia firme, seguro e em condições de atender a todas as nossas necessidades', disse Lobão. 'O abastecimento em 2013 está garantido', completou.
 O ministrou negou que a reunião ocorrida com o CMSE tenha tido caráter de urgência devido à situação enfrentada pelos reservatórios do Brasil. Segundo ele, o governo não adotará nenhuma nova medida para garantir o fornecimento de energia para o País. 'As medidas de segurança estão em prática, são as de sempre e as que sempre deram certo', disse o ministro. Lobão explicou que o estoque de energia no País hoje é de cerca de 120 mil megawatts (MW). Em 2001, na época em que foi decretado racionamento de energia, o estoque era de cerca de 70 mil MW.
 Apagão - Com a falta de usinas, Nicias Lopes reitera que há um problema iminente de energia no País. 'Só agora com a presidente Dilma conseguimos inaugurar uma hidrelétrica, no estreito do Maranhão. Uma obra que já estava em andamento desde o governo do Figueiredo. Ou seja, nós não temos energia nova no sistema', explicou. 'A população cresce a uma média de 3,5% ao na, o que é mais consumo de energia. Aumenta a população, mas não aumenta a energia', criticou o secretário. 'E isso é culpa do governo, principalmente porque o Ibama é do governo, não de outro País. O órgão passa uma década pra liberar uma licença de operação de obras no setor elétrico. Tem vários projetos que não são liberados. Só no Pará, por exemplo, você tem Belo Monte que foi uma luta pra se dar início e já estão fazendo um crime, registre isso, por favor, um crime quando constroem Belo Monte a fio d’agua, ou seja, não tem reservatório, fazendo exigências ambientais absurdas, o que compromete o futuro do País no que se refere à geração energia elétrica', completou.
 Mesmo assim, Edison Lobão garantiu que o corte de 20,2% nas contas de luz, que entra em vigor em fevereiro, está garantido. Segundo ele, não há risco de desabastecimento da indústria por conta do uso do gás na geração de energia pelas usinas térmicas. 'Essa redução acontecerá, a partir do próximo mês, como está prevista', afirmou.
 A tranquilidade do ministro sobre o tema também conflita com a do secretário. 'Manter o preço baixo? O preço do barril de petróleo fechou ontem, em Londres, na faixa de US$ 110. Para você manter o preço do óleo diesel baixo no Brasil você está levando à falência a Petrobrás, porque o nosso preço de óleo diesel no Brasil é fictício, ele não é verdadeiro. Para que a inflação não disparasse o governo obrigou a Petrobrás, tem que elevar o nível da Petrobrás, que importa gasolina, importa óleo diesel, a manter um preço nacional totalmente defasado do preço praticado internacionalmente. Aí é uma questão de opção, o governo quer levar à falência a Petrobrás? Pode ser que ele queira levar, aí amanhã a nação através do tesouro nacional injeta mais R$ 200 bilhões, como ocorreu no governo Lula, e ela sai da falência de novo, mas o povo tem que saber, quem tá bancando isso é o povo', explicou. 'A coisa só não está pior porque o crescimento do País, no ano passado foi baixo, menos de 1%, disse. Lopes. (Jornal Amazônia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário