A campanha do
plebiscito sobre a criação ou não dos Estados de Carajás e Tapajós, na rádio e
na televisão, que chegou nesta terça-feira ao seu 11° dia, despertou uma
rivalidade antes pouco conhecida no Pará. O medo de que a rivalidade acabe em
violência durante o plebistico fez com que o governador Simão Jatene (PSDB)
publicasse artigo neste final de semana pedindo mais cautela aos paraenses.
No
texto divulgado nos jornais O Liberal e Diário do Pará, os
maiores do Estado, Jatene disse que “seja qual for o resultado do plebiscito, o
dia seguinte será marcado por mágoas, ressentimentos e desconfianças que podem
se tornar duradouras”. “E aí cabe perguntar: quem vai cuidar das feridas? E dos
ressentimentos? Como evitar que eles se enraízem nos corações e mentes da nossa
gente?”, declarou Jatene.
“Os
Estados até hoje criados o foram em condições bem diferentes das atuais, não
colocando em confronto as pessoas, não onerando ainda mais as populações locais
e, nesse sentido, nos ajudam muito pouco sobre a experiência do dia seguinte
que terá que ser vivida por nós, em certo sentido cobaias de um processo novo e
diferente”, complementou o governador.
Ainda
no domingo, uma carreata separatista pelas ruas de Belém foi hostilizada por
partidários do “não”, com direito a agressões verbais. Nas redes sociais, o
cenário é parecido. As campanhas pró e contra a divisão do Pará são alvo de
críticas e debates intensos entre os internautas, também com direto a troca de
ofensas.
No
final de semana passada e início desta semana, uma propaganda separatista foi
alvo da mais nova polêmica entre separatistas e unionistas. A propaganda
criticava os indicadores sociais negativos do Pará apresentados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada e afirmava que
os números eram “um tapa na cara dos paraenses”. Para ilustrar, a campanha
colocou pessoas levando esse “tapa”. A campanha unionista criticou nesta
segunda-feira o artifício usado pelos separatistas.
“As
propagandas do Não são apelativas e estão pensando apenas em si, sem se
importar com o restante do Estado, apenas com o que será do futuro deles. Não
temos a mesma assistência que eles têm e não aguentamos mais isso”, afirmou o
diagramador Uriel de Jesus, um dos líderes unionistas.“O Duda Mendonça
(marqueteiro do Sim) está puxando sardinha para um lado que não é legal. O povo
aqui não deixa barato. Foi muito pesado”, disse o líder de movimentos sociais
na internet, Bruno Toscano Franco sobre a campanha separatista.
O
deputado João Salame (PPS), líder da frente a favor da divisão do Estado de
Carajás, aponta que o acirramento da campanha é fruto das propagandas
unionistas. “Seria estúpido da nossa parte apelar para esse tipo de
animosidade. Temos apelado para o sentido da amizade”, declarou Salame. “O
problema é que, nas propagandas, o pessoal do não vem dizendo que nós queremos
saquear o Estado. Isso é baixo nível. Nós não somos ladrões. Estamos defendendo
uma ideia”, complementou.
O vice-presidente da
Frente Contra a Criação de Carajás, Sérgio Bitar, negou que haja, nas
campanhas, incentivo a uma rivalidade contra moradores de Belém e moradores de
Carajás e Tapajós. Mas ele admitiu que o acirramento da campanha se dá mais
entre as frentes pró e contra Carajás. “Há uma preocupação sim. Mas acho que
esse acirramento se dá mais no âmbito dos políticos e da campanha. Para o povo,
o clima é outro”, analisou Bitar. (IG)
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