quarta-feira, 21 de março de 2012

CMB discute extermínio de jovens em Belém


Os altos índices de violência e degradação contra os jovens pobres, sobretudo negros, residentes na periferia de Belém, foi o tema da audiência pública presidida pelo vereador Augusto Pantoja (PPS), nesta segunda-feira, 20. Participaram do encontro o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, Ministério Público, Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos, entre outras entidades, além de dezenas de pessoas residentes nessas áreas afetadas pela violência, algumas delas parentes de vítimas da ação de "verdadeiros grupos de extermínio assassinando jovens" como assinalou Augusto Pantoja na abertura dos trabalhos.
O vereador do PPS foi incisivo ao expor os objetivos do encontro, conclamando autoridades e a sociedade para a efetiva mobilização contra a violência que abate os jovens pobres das periferias, de modo que em um primeiro momento possam ser identificadas as causas e, depois, implantar ações que visem deter e mesmo por fim à "degradante situação das nossas periferias", disse. Pantoja destacou que existe um verdadeiro clamor na sociedade para saber o que realmente as autoridades estão fazendo para elucidar e por fim à "vergonhosa situação, na qual jovens pobres das periferias são exterminados".
Para o vereador Augusto Pantoja, a questão das drogas está, sem dúvida, na ponta na tentativa para identificar o problema, mas que também contribui de muitas formas a "insensibilidade da sociedade, para com cerca de 700 mil pessoas que vivem em área de invasão constituindo verdadeiros guetos", alertou. O vereador do PPS destacou que essa realidade ofende a todos os membros da sociedade responsáveis. Informou que os resultados da audiência pública estarão contidos no texto de uma Carta Aberta a ser enviada ao governador do estado e ao prefeito de Belém, além das demais autoridades envolvidas com o drama da violência.
A coordenadora de Política de Igualdade Racial da Secretaria Estadual de Justiça, Raquel Teixeira, informou que já foram elaborados programas, agora condicionados à liberação de verbas federais, para a efetiva implantação de ações contra a violência. O secretário de justiça, Adriano Brasil, enfatizou de início a necessidade de mudanças de comportamento e pensamento com relação às pessoas, como um primeiro passo para enfrentar a questão da violência. Informou a existência de políticas públicas voltados para a educação de jovens com o objetivo de livrá-los dos traficantes. Citou ainda o programa Pró-Paz, que atende cerca de três mil crianças, preparando-as para o exercício da cidadania. Isso tudo aliado às ações policiais preventivas. Segundo ele, os efeitos desses programas já são sentidos em áreas antes intensamente violentas, como o bairro da Terra-Firme, que registrou nas últimas estatísticas, queda considerável nos níveis de violência. Foram ouvidos também o reverendo Possandilha, representando o deputado federal Arnaldo Jordy, que aludiu a três fatores contributivos para a realidade das nossas periferias: segurança pública, educação e crise de valores. Outras autoridades foram ainda ouvidas pelo plenário, apontando estatísticas sobre a realidade da violência em Belém e em todo o Pará, como a sra. Lesla Batista, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa; o secretário de segurança pública adjunto e o Dr. Bruno Guimarães, do Emaús, que formulou ainda críticas perguntas às autoridades presentes sobre a aplicação de políticas públicas em favor da juventude. A audiência foi concluída com as manifestações de vários jovens envolvidos em associações e clubes que se voltam para minimizar os problemas dos jovens pobres e, sobretudo negros, residentes nas periferias de Belém. O vereador Augusto Pantoja definiu aos presentes que em poucos dias será entregue às autoridades e ao público a carta documento resumindo o debate em torno dos problemas discutidos na audiência pública.


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